O nadador tem na praia de Copacabana a possibilidade da realização de uma vida bem vivida, na medida em que isto seja possível. O nadador pode entrar pela ponta do Posto 6, seguir ao longo da muralha, alcançar as Torres Gêmeas e, o mar possibilitando, contornar o forte e atravessar a secreta e selvagem expansão que o leva até o contorno da pedra do Arpoador e à possibilidade de uma visita à praia vizinha, quase tão conhecida quanto a de sua origem. Ou o nadador pode começar pelas ondas da ponta do Leme, e bracejar toda a encosta de pedra alta sobreposta pela mata, ultrapassando a linha do farol do canal de Cotunduba e adentrando as águas espraiadas da ilhota do anel, para então, sob suspense tupinambás, poder descortinar o calanque da Praia Vermelha. No movimento de alcance mais aprofundado, o nadador pode perseverar rumo ao contorno da ilha que o traz ao horizonte, de paredão íngreme e denominação sugestiva, as Cagarras. No retorno à sua praia o nadador se guia pela inspiração da vista de fachadas de prédios de personalidade arquitetônica rara no país, sobrepostas pelas linhas de tantos morros e montanhas. 

Entre as arestas imaginárias desta piscina marinha, singrando mil e uma de suas possibilidades, sob o leve efeito da endorfina, na companhia de amigos, o nadador de Copabacana se depara com a história, a natureza e o prazer sensorial. Saudável, pode respirar. Elevado, busca preservar. Tocado, quer ajudar. No mar da princesinha o nadador reconhece a possibilidade de sua própria extensão. 

Exuberante, a natação no mar de Copacabana confere ao nadador, repleto, a possibilidade do conhecimento da vida boa.